Inevitavelmente, você me vinha a cabeça. Perdi-me há muito de você sem essas recordações. Separei tudo o que era nosso em uma caixa, sem cadeados, sem senhas. Nada que pudesse me impelir a abrir só pelo gosto de ter um aviso de "proibido" e mesmo assim, eu estar lá. Mas depois de tanto tempo, vendo tudo o que consegui guardar, a tolice me encheu a cabeça e mostrou-me o quanto ela esteve comigo: sempre. Eu, de quatro, num quarto, esperando que você voltasse, brigando contra a razão que sempre mostrou um caminho mais difícil de se trilhar. Quando você me estendia a mão e mostrava um mundo de maravilhas, eu fazia questão de dar costas pra tudo o que parecia ser razoável sobre toda a situação. Não estava nem aí. E ia de banguela, escorregando numa mentira lamosa, até cair numa areia movediça. Sozinha. Você era ilusão - sem outra nenhuma palavra que possa descrevê-lo. Nunca vi, nunca toquei, nunca tive, mas sempre estava lá. Um encosto. Uma voz. Uma mensagem, uma foto, uma declaração. Você era uma caixa.

Tenshi: do japonês, anjo. Ou mentira, nas más línguas.

Como uma tecnologia muito avançada, eu silenciei. Esqueci que para ter novas palavras preciso gastar todas as antigas, ou paro. Preciso ler ...