Elise, você é tão curta
Que só coube em dois minutos
E alguns cinquenta e cinco segundos
Mas quem dera eu ser você
E conseguisse ser tão curta
Mas ainda assim, tão bela
E cheia de uma magia púrpura
Elise, me diga
Como você se pintou?
Você é tão pura.


Fur Elise.
Eu ando com esses pés que não são meus
E respiro com um peito de aço
Tudo parece tão fácil, pra você
Mas eu sofro
E desloco, deslocada de mim mesma
Sou eu, mas em outro mundo
Eu não estou aqui
Meu corpo fica
Mas minha mente vai embora
Viaja com a dor
E com o tempo, apodrece
Como o corpo que ficou
E hoje é pó
Eu, finito
Acabado, sumido
De mim ficam as mesmas coisas
que você deixou quando foi embora
Sou feito de memória.
Hoje eu não vou estar.

Andei pensando sobre esses dias que a felicidade esteve aqui em casa. Tempo bom, todo dia era dia de sol, mesmo chovendo, porque o sol tava dentro da garganta. Até passava pela minha mente os tempos em que ela saíra e me prometera que iria voltar - e não foi que voltou mesmo? -, mas mal conseguia. Agora ela já foi embora e eu já sinto de novo aquela mesma sensação de voltar ao comum, ao enjoo comum de uma escuridão sem fim e  de dias olhando pela janela esperando ela pular. Mesmo sabendo de sua existência, quando longe é até difícil acreditar que seja real. E será mesmo a realidade? Talvez tenha sido delírio, um tempo de delírio na tentativa de salvar a alma que fica presa nesse corpo. Será que acordei pra sempre de um outro mundo? Do jeito que ando cansada, não vai ser difícil dormir de novo. E hoje, eu verei a chuva de meteoros esperando pegar um pouquinho dessa beleza pra levar pro meu mundo de novo, e esquecer um tempo do que tá sendo agora.
Essa saudade que parece que só tem começo e não tem fim que nem essa frase que não tem ponto final só pra mostrar como é que é saudade de verdade

Como uma tecnologia muito avançada, eu silenciei. Esqueci que para ter novas palavras preciso gastar todas as antigas, ou paro. Preciso ler ...