Tua toalha no banheiro com o cheiro único da tua pele molhada continua no banheiro porque decidi assim. Já me bastava a falta que fazia você não estando na cama, que ficasse então pela casa inteira qualquer pedaço seu pra me provar que era tudo verdadeiro, nada inventado. E eu mal podia acreditar que qualquer atuação sua podia me incluir, que qualquer pensamento seu podia ter uma sombra que fosse de alguém tão mínima quanto eu. Por isso decidi assim, com tua toalha no banheiro como um bilhete de loteria premiado pra me lembrar que a sorte finalmente bateu em casa e me trouxe o presente mais bonito que poderia existir em uma galáxia inteira de desejos que residiam em mim: você.

(e que coisa mais linda é você.)
Me explica como teus olhos brilham assim e piscam no momento certo. E me explica como teu cheiro tão bom não gruda na minha roupa pra eu te cheirar sozinha. Só o que sobra quando me separo de ti são os fatos cotidianos, o cheiro de cigarro e saudade. E a vontade eterna de querer sempre voltar um segundo atrás pra estar de novo contigo. Mas me explica bem detalhadamente, porque minha cabeça anda cheia de uma letargia típica de apaixonado quando olho pra você: como pode ser tão belo e me deixar acompanhar tua boniteza para todo lugar?
Dos sete dias que Deus criou, quatro parecem ser obra do Diabo.
Eu me desfaço em tantos pedaços que mal caibo nesses continentes
- mesmo que não seja essa distância equivalente que nos prende
Mas em sentimento e dor, é quase a mesma.
Mesmo que estejas na mesma cidade
mesmo que estejas na mesma casa
mesmo que estejas no mesmo quarto
Enquanto não te possuo, não me acalmo
e na minha mente doente, cravo-lhe os dentes e rasgo tuas roupas
mesmo cheia de desejo incontrolável
na realidade, não o faço.
Coloco tudo no bolso
e sigo com o que posso ter teu
seja na distância, tuas cartas
seja público, tuas mãos
seja nosso, - e aí somente então -
tudo o que tens de mais afiado para perfurar meu corpo onde o teu faz morada
e me tortura
com memórias das noites que me salvam a alma.
Ver você é como escutar moonlight sonata.
Não consigo me cansar. Poderia viver num looping infinito de reprodução, de moolight e com você. Mas não posso. Existem outras coisas.
(mas eu faria, se pudesse.)
E a tristeza que me consome ao praticar ambas ações são motivadas apenas por ser sabido sobre seus fins, às vezes abruptos, às vezes suaves, mas doloridos da mesma forma.
E quando o reprodutor de música passa para a próxima faixa ou quando você se coloca cedo na frente do meu portão, pronto para ir embora, eu me pergunto "o que é que a vida vai fazer de mim?"
Não faz nada. Eu fico e continuo até poder te ouvir novamente, até ver moonlight sonata por aí, ou vice-versa.
É a mesma coisa.
Não há mais palavra
Que se faça suficiente em minha alma
Que descreva suficiente o meu olhar
 Que sinta suficiente o que meu coração
Sente(-se)
E ouça o silêncio
Auto-explicativo.
Meu amor não mede mais centímetros
Metros, quilômetros, segundos, horas, meses
(mesmo que há quatro seja a medida exata)
Não cabe em nenhuma palavra
Não cabe nem mesmo em amor
Não cabe nem mesmo em mim
O que eu sinto é inexplicável
Quase tão abstrato quanto eu mesma
 Mas ainda é belo, puro e único
À nossa maneira.
Eu gosto quando
Você me pega pelos lugares certos
Mas todo lugar é certo
Quando você me toca
E eu gosto quando
Você me fala as palavras certas
Mas toda palavra é certa
Quando você me fala.
É quase inacreditável
toda sua certeza
toda sua destreza
todo você é inacreditável
Porque tudo fica certo
Quando você me toca
ou me fala
ou me existe
Em todo o seu mundo
De beleza inacreditável
E até eu
tão inexata
tão desconexa
pareço enfim conectada
quando você me fala.

Como uma tecnologia muito avançada, eu silenciei. Esqueci que para ter novas palavras preciso gastar todas as antigas, ou paro. Preciso ler ...