Olá, Francesa.

Já tô sabendo sim.
Tô esperando dar um tempo pra eu correr e te ligar pra saber se tá tudo bem ou se foi tarde demais pra tomar essa atitude. Um ano que eu não te vejo, não te ouço.
Será que eu ainda sei quem é você? Se eu me esbarrar na rua, olharei na tua cara e verei o que?
É um tormento essa possibilidade, de não te saber mais. Parte de mim esquecida e largada pelo mundo. E não é assim também todos os nossos laços que são feitos e desfeitos dia após dia? Pedaços seus?
Não que eu queira te dizer: você foi só mas um laço que se desfez.
Quer dizer, querer eu quero, mas não dá. Por você eu sei que daria sim e eu soube porque você já me falou milhões de vezes e me substituiu milhões de vezes também. Eu acho. Porque também já vi uma pequena confissão sua sobre lembrar o que não queria e ficar triste, né.
A gente se expõe demais todo dia.
Aí acontece o que aconteceu e ficamos todas nós nesse receio infantil de se comunicar, de se ver, de não se reconhecer, de achar que tudo é perda de nós mesmos pelo mundo, de se machucar e se chatear pensando no que poderia acontecer se eu corresse e te ligasse pra saber se tá tudo bem agora ou se no próximo instante vai ser tarde demais.
Não importa, talvez, porque já ouvi você me falando "ainda bem que você sabe".
E porque eu já ouvi tanto conselho de "não faça nada porque ela cagou na sua cabeça".
Mas é tanto amor miserável que sobrou em mim. Tanta vontade de abraço, de cheiro, de riso seu, só seu, coisa que ninguém vai entender porque ninguém sabe o que é ser você e eu juntas.
Porque éramos você e eu.
E agora sou eu contra você e todo o resto. Eu e toda minha miserável vontade de querer que ainda exista essa relação numa corda bamba desfiada, mas que no último momento dá pra reconstruir tudo e rebobinar todas as falas e chorar tudo que foi chorado de novo, mas de felicidade.
É tão confuso, né.
Sempre foi, né?
Desculpa.

Como uma tecnologia muito avançada, eu silenciei. Esqueci que para ter novas palavras preciso gastar todas as antigas, ou paro. Preciso ler ...