Eu não entendo a sua volta.

Talvez eu não sentisse nada.

Eu não sabia se podia classificar dúvida como um sentimento, e naquele momento, era só o que eu tinha reconhecido. Eu não entendia nada das palavras que pairavam no ar. Separei-as, coloquei-as em uma ordem diferente, tentei lê-las de trás pra frente, mas continuava sem fazer sentido. Eu não entendia a sua volta, sua indecisão, suas palavras, suas mãos geladas, seu olhar culpado. Eu não entendia o que eu estava fazendo ali, te olhando com cara de... dúvida.
Comecei a pensar que quando você se calasse, seria minha vez de falar alguma coisa - qualquer coisa, só pra não te deixar ali, se sentindo sozinho, sentindo o vazio de alguém que tinha ficado para trás por decisão própria. Reli nossa história na minha cabeça, encaixei as palavras em alguns momentos e as coisas começaram a ficar mais claras. E então eu, finalmente, senti alguma coisa, uma coisa que fervia dentro de mim, sussurrando baixinho para os meus miolos: surre-o. Machuque-o assim como ele fez com você. E quando eu pensei nessa possibilidade, de te agredir fisicamente, ou psicologicamente, hesitei. Hesitei como as pessoas apaixonadas hesitam, aquelas que tem vontade de atirar em alguém, mas na mesma hora, pular na frente da bala.
Não era justo, você parecia um vício que largar era quase impossível. E quando eu me considerava limpa, vinha você pra me oferecer mais? Não aguentava mais aquela história de um dia ser seu grande amor, mas no outro dia não e resolvi acabar com tudo, naquele momento, com você na porta da minha casa, segurando as minhas mãos e balbuciando "perdão", "me desculpe", "eu sou um idiota" e "eu te amo" de um jeito particularmente adorável. Enquanto eu tentava vida nova, você veio pra perguntar se tudo o que eu sentia acabou.
Minha resposta foi: "Não. Mas eu quero que acabe".

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