Talvez (pra começar bem, tão inconstante) eu tenha medo de mim mesma.
Até onde eu posso ir? Até que fundo eu posso afundar?
O limite é a morte?
Não me agrada falar assim, escrever assim, tão claro. Morrer. Carrega tantos significados ruins, tanta memória ruim, tanto fim ruim. Mas nessa língua, esse é o limite?
Quem me vê, crê? Em tudo o que eu escrevo, revelo secretamente. Em tudo o que eu escorrego, crê?
Porque por fora, quem sabe rodeando, quem não afundou - tantos rodeiam - não crêem.
Ela?
Ela que sorri tanto? Que tem tudo que precisa.
Ela que não consegue admitir tudo em si mesma. Ela que pensa que não dá pra falar, que só mascara o tempo todo. Que sorri tanto. Que tem tudo o que precisa.
Ela que se culpa. Tem tudo aqui, na mão, que faz tudo aqui, que dá certo, que tá progredindo, que tá levando empurrando.
Mas não admite.
Como uma piscina rasa. A felicidade evapora como álcool.
Sedimenta tudo o que resta além.
Talvez (pra terminar pior ainda) eu seja uma piscina rasa que tem medo de si mesma.
Que não conhece funduras.
Que não se afogou o suficiente.
Que só teme. E finge.
E quando é, só espera o limite.
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