Talvez (pra começar bem, tão inconstante) eu tenha medo de mim mesma.
Até onde eu posso ir? Até que fundo eu posso afundar?
O limite é a morte?
Não me agrada falar assim, escrever assim, tão claro. Morrer. Carrega tantos significados ruins, tanta memória ruim, tanto fim ruim. Mas nessa língua, esse é o limite?
Quem me vê, crê? Em tudo o que eu escrevo, revelo secretamente. Em tudo o que eu escorrego, crê?
Porque por fora, quem sabe rodeando, quem não afundou - tantos rodeiam - não crêem.
Ela?
Ela que sorri tanto? Que tem tudo que precisa.
Ela que não consegue admitir tudo em si mesma. Ela que pensa que não dá pra falar, que só mascara o tempo todo. Que sorri tanto. Que tem tudo o que precisa.
Ela que se culpa. Tem tudo aqui, na mão, que faz tudo aqui, que dá certo, que tá progredindo, que tá levando empurrando.
Mas não admite.
Como uma piscina rasa. A felicidade evapora como álcool.
Sedimenta tudo o que resta além.
Talvez (pra terminar pior ainda) eu seja uma piscina rasa que tem medo de si mesma.
Que não conhece funduras.
Que não se afogou o suficiente.
Que só teme. E finge.
E quando é, só espera o limite.

3 comentários:

  1. Quem não tem medo de si mesma deve ter algum problema, rs. Sim, acho que o limite é a morte, então se ainda estamos vivas é pq ainda podemos afundar mais ou tentar subir.
    [quem te lê, crê, eu creio bastante]
    Ser uma piscina rasa que tem medo de si mesma é se privar de bastante coisas, acho que os males só vem pra gente aprender, e os bens também. Acho que se afogar em qualquer situação é aprender a nadar, mesmo depois de tanto folego perdido. Acho que se a gente não tem medo da gente como iriamos nos enfrentar? Se tudo fosse fácil as coisas não teriam graça. Se tudo fácil a gente iria esquecer das nossas forças.

    às vezes fico sem saber o que comentar, de tão belas que são tuas palavras.
    beijo, b ;*

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  2. Oi b (sempre me da vontade de saber seu nome),
    Se eu sonho? Sonho! Mesmo no fundo do meu pessimismo que vez em várias me invade. Sonho mais alto ainda quando tô curtindo a positividade que eu tanto demoro alcançar (e eu fico tão feliz quando você deixa suas palavras no meu coração, mesmo sendo raramente - não sei pq, mas eu as guardo lá).
    Se eu ainda tenho esperança? Tenho, porque se eu não tivesse a minha existencia seria em vão. Tenho esperança que um dia a "menina certa" vai entrar na minha vida (sim, menina, rs), tenho esperança que um dia eu encontre o caminho certo e siga sempre em frente, sem perder oportunidades (coisa que já me tirou bastante esperança até). Tenho sonhos e esperanças fora desse mundo de poesias, mas eu tenho mais ainda quando escrevo (quisera eu fosse da mesma intensidade).
    No meu caso o meu coração realmente já ficou em "caquinhos", por isso sempre me refiro a ele como quebrado. E sim, talvez eu tenha me referido a você em algum momento do texto (mal sabe que te leio bastante), em agosto também escrevi um texto em que você me veio a cabeça (não sei explicar, coisa de poeta talvez). É raro eu encontrar alguém que me entenda e que compartilhe tudo isso comigo, ou vice versa. Não me veja como alguém carente, mas poucos conversam com a alma e com o coração assim como você, mesmo a gente só trocando alguns comentários - e o seu obrigada no final faz meu coração sorrir, ele também agradece.

    (quem sabe um dia eu mate a vontade de saber quem é essa anônima não tão anônima assim, nem que seja em uma só madrugada de conversa)

    Desculpa se o comentário ficou muito extenso, escrevendo eu falo pra caralho, como diria Caio Fernando.
    Até mais, moça. ;*

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    1. Samantha,

      Sempre agradeço porque não tem o que fazer de primeira mão. Toda vez que te leio, já leio sorrindo. Mesmo triste. Então: Obrigada.
      Obrigada pela resposta extensa, intensa. A pergunta não foi fácil, não dá pra se modular em poucas palavras quando se tem muitos pensamentos soltos.
      E obrigada pela honestidade. Por me manter em seu coração. Ultimamente me perdi do meu lar e agora não tenho um lugar pra ficar. Te ler me trouxe a sensação da certeza de algo.
      Sinto muito não te revelar quem eu sou. Queria conversar por mil horas com você mas tenho tanto medo de te contaminar com qualquer coisa minha, mesmo que já o faça aqui, aos pouquinhos. Além disso, gosto da maneira como você me vê, do lado avesso. Acho que você conhece bem essa alma sem conhecer os ossos em que ela se apoia. Gosto de você monte em sua mente o que eu poderia ser. Gosto de ser quem você pensa que eu sou.
      E me espelho nessa nova menina toda vez que retorno pro nosso lar virtual.
      Obrigada por me dar essa possibilidade de reinvenção.
      Com carinho <3

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Como uma tecnologia muito avançada, eu silenciei. Esqueci que para ter novas palavras preciso gastar todas as antigas, ou paro. Preciso ler ...