Vou logo falando que sim, eu te amo menos.
Te amo muito menos agora que você escorregou pra fora da cúpula porque quis.
Poderia ter tomado um monte de decisão ruim, mas com certeza essa foi a pior de todas. Aí escorregou. E agora eu amo menos.
O complicado é que eu já me perdi tanto de amor por você que amar menos quase não significa tanta coisa. Você nem vai sentir os efeitos colaterais da pressão sobre mim mesma. A diminuição do volume. Nem sente agora, eu garanto.
Garanto porque vejo os mesmos olhos de poço do nosso primeiro mês. Vejo toda a ilha que via dentro de você no nosso segundo mês. Vejo toda sua confusão do nosso primeiro ano, intacta.
Há coisas novas, claro. Mas foi você quem pôs lá. Eu não tenho culpa.
(tipo aquela sua insegurança agora muito mais densa.)
Você que colocou agora esse treco em mim. Esse sentimento ruim de cúpula vazia, de coração mareado, ossos fracos e tristeza mais infinita do que poderia existir (e eu nem sabia!). Tá tá, eu te amo menos, mas te tomei as mãos e agarrei minha decisão que era ficar. E tô lidando. Pouco a pouco, dia a dia. Muito mais difícil do que imaginava.
Esse enjoo que sinto quando escuto o outro nome. Físico. Não é nojo. É uma coisa palpável, um estômago se revirando, a tristeza mais infinita borbulhando. Aí segue: porra, seria muito melhor ir embora. Falar que não dá, não dá pra tentar, porra. Olha esse enjoo, olha como sou patética aqui tentando por quem saiu da cúpula. Ou caiu. Tanto faz. Eu segurei.
Segue: Não dá pra ir embora.
Porque apesar dos pesares, do fardo esmagador, da raiva de mim mesma, da compreensão inacreditavelmente burra, do depósito de confiança absurdo, da insanidade mais imbecil que já fiz nos pouquinhos anos que tenho, eu te amo. Menos.
Quantitativamente falando, uma terra pra todo o sistema solar.
Te amo menos uma terra.
Te amo todo o sistema solar.
Então corre e me recupera que ainda dá tempo.

Sinto tanta tanta tanta saudade de você.
Sinto tanta saudade de você me contando como foi seu dia e me mostrando seus desenhos. Sinto falta de ler seus poemas, sinto falta de você reclamando, sinto falta de você rindo. Descontroladamente. Feliz.
ou até mesmo triste.
sinto mais falta do que posso admitir. Mais do que dá pra suportar já que você já nem tá viva mais. Mais do que eu posso falar aqui, mesmo que eu passasse horas descrevendo todos nossos momentos de glória.
Sinto tanta tanta tanta saudade de você que morro também quando te olho bem nos olhos, na sua foto de perfil nova. Eu vi.
Sinto tantas coisas tão absurdas que nunca pensei que você faria eu sentir. Essa imensa vontade de chorar, de morrer junto. De também me tornar outra só pra te esquecer, te odiar ou qualquer caminho mais fácil de lidar do que toda essa saudade.
Sinto um monte de dor na costela enquanto soluço porque tô chorando. Sinto um monte de suor na minha mão que quer escrever mais rápido do que consegue. Sinto tanto ódio de mim mesma por não poder fazer nada.
Sinto que só queria te abraçar só mais uma vez, mas tinha que ser você mesmo. Sabe?
Você, eu digo: A francesa que queria beijar na chuva e escrever um livro.
Que queria ler sobre os anjos, que queria conhecer todos esses pontos onde o amor reinou no mundo.
Mas não existe.
Não existe nada no nosso mundo, mais.
Só vários sentimentos confusos, tristes, cheios de pontas soltas.
Só existe eu ainda pensando que vou te abrir os braços pra poder te abraçar de novo.
Só mentira.

Meu carinho não é infinito
sofre na sua mão
esqueceu do caminho e fraqueja sem lucidez
olha no canto do olho os cantos da casa
e busca qualquer sintoma que indique
qualquer sinal do laço que maltrata
pra me ferir
pra  me acabar
como acaba todo dia, em mim também
a tentativa em ser,
cada vez mais, seu em par.

pouco êxito.

Como uma tecnologia muito avançada, eu silenciei. Esqueci que para ter novas palavras preciso gastar todas as antigas, ou paro. Preciso ler ...