Tudo é retrocesso. Em mim mesma, implantada numa cirurgia anciã, uma alma anciã. O mundo é um fluxo contínuo de retrocesso e eu me faço de espelho. Atrás do espelho, um caminho de rato que, no fundo, se esconde um monte do que se é. Não importa muito, não é o que o corpo precisa e nem disso depende o seu comportamento.
Queria sumir sem ninguém saber, sem perceber, como já sumiu pra si mesma.
Você não olha pra trás. Fecha a porta com delicadeza mas uma firmeza já conhecida de quem encerra o assunto no fundo da alma.
Alma que antes podia ver nos seus olhos de poços. Hoje não vejo mais nada do que você sente.
Talvez justamente porque você não sente mais nada quando olha no fundo do meu poço. Eu espero diariamente uma desculpa esfarrapada, um ato autônomo. Uma frase que seja genuína e surja quando ninguém espere, do fundo da sua garganta, direcionado para mim. Atinja o meio da minha testa, seja fogos de artifício, seja uma bazucada: atinja.
Enquanto isso, me esgueiro pela cidade vazia que existe bem dentro de mim depois do caminho de rato. Uma réplica perfeita. Felicidade parece que depende do seu parecer porque foi na ausência do seu parecer que me amarraram essa fita no pé e eu finquei. Programa de ontem que virou de hoje, que virou de amanhã, que virou agora. A caneta é fixa no espaço e quem se mexe abaixo é o caderno, no contorno da palavra. Perspectiva que não era esperada. Quem brilha: apaga; quem escreve, não o faz.
Dou risada do que já disse: Eu mesma que já chorei todo esse rio não vou escorregar mais rápido em direção ao mar?
Mal sabia da imensidão do mar. Da solidão.
Olha o tanto de peixe inalcançável. Reclamava com a boca cheia. Fosse lama, às vezes, ainda se fazia cheia.
Perdoa os atos falhos. Falho foi tanto de todas as partes. Não olha mesmo. Fecha a porta. Sua firmeza é certa, errado é meu olho cerrado por água salgada e peixe desconhecido: e eu, que nem sou daqui, querendo animal de água doce.
Água salgada arde demais na ferida que eu abri pra você sair. Pra tirar você.
Então, once your dreams come knocking at your door it's time to realize you aren't dreaming anymore. And once your life set to settle down take a look around you, no more dreaming to be found. So why then are you crying? It was you who denied them and no amount of tears could roll back all the years bring back all your dreams from yesterday.
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O engraçado é que aquele velho ditado que diz "tudo passa" é tão velho mesmo e nem faz mais tanto efeito assim. Algo sempre fica, seja: bonito, feio, cheio de magoas e resto de amor, mas jamais tudo passa. Muita coisa fica. E essas coisas é que fazem a gente querer sumir, retroceder, querer as tais desculpas. Só que chega uma hora que não, vamos bater o pé no chão, conversar com o coração e dizer não, eu não quero retroceder. Retroceder só faz a ferida doer mais. E sim, não é fácil seguir em frente e nunca será, mas devemos isso pra gente, né?!
ResponderExcluirQualquer dia desses vamos dar risadas das nossas histórias, dos nossos desamores, ficar bem bêbadas e deixar cair algumas lágrimas, mas lágrimas de alivio por termos (sobre)vivido.
Até lá, vai ficando bem. <3