Eu construí um castelo para me abrigar de todo veneno que existe pelo mundo. Coloquei minha força e teimosia em cada brecha de suas paredes, me coloquei dentro e fiquei abrigada por tanto tempo que eu já não sabia nada sobre datas. Lá eu me perdia em mim, me surpreendia comigo mesma e acabava descobrindo algo novo. Todo dia tudo se transformava, os cômodos eram alterados e as passagens secretas mudavam de lugar. As paredes ficavam cada vez mais largas e fortes, me prendendo cada vez mais. Mas eu não percebi, porque eu esqueci da chuva e do frio, do amor e do perigo. Eu me sentia segura, só conhecia a felicidade do novo - até que o novo se tornou velho e as possibilidades de mudança se esgotaram. As cores dos tapetes se desgastaram, a prataria virou aço, e tudo enferrujou. E eu fiquei lá dentro, quieta dentro do meu monstro, na minha solidão destrutiva, esperando que as paredes acabassem por me esmagar.



Até você aparecer.

3 comentários:

  1. A solidão, às vezes, nos serve de proteção, de guarita, mas por um certo tempo somente, quando precisamos de ficar com nossos próprios pensamentos, nossos "eu"...Sempre temos que nos libertar ou encontrar alguém que nos liberte.

    Abraços

    psrecuerdame.blogspot.com

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  2. Tirando o "Até você aparecer." o texto combina todo comigo. rsrs Pra vc ver como uma pessoa pode mudar muita coisa né.

    E vc, mudou o nome do blog, né!? rs *-*

    ;*

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  3. Ríos, ainda bem que a mocinha da história encontrou um libertador! Solidão demais faz da gente prisioneiro.

    Samantha, sim. Um detalhe sempre muda a história inteira, não é? E as vezes é tão pequeno... e consegue salvar tudo. e outro sim! Eu mudei o nome do blog porque mudou o sentido para mim. Virou um abrigo, que é o que significa "Shelter". Porém, o link "citronscher" vai ser sempre o mesmo: eu e meus malditos(ou caros) limões franceses. Grande beijo! :)

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