Jonh Findura.

V.2.0. I.

I have changed my email address
so now there is an excuse for you
to never write me and I will never

know whether you are ignoring me
or trying desperately to find me again
but the agony of it all will not be

lost on me and I will finally resort
to sedatives to help me sleep through
dreamless nights without you.

Tô sofrendo de uma dor antecipada que não tem jeito.
Só isso.

Eu to pedindo cinco minutos da tua atenção pra te comunicar algo importante. É que você esqueceu os óculos aqui em casa, aqueles que você usa quando quer fingir fazer parte do Matrix. Eu também queria te dizer que quando tava tudo calmo e silencioso, acolhi essas lentes no meu rosto só pra saber como você via o mundo. Não podia ter sido mais feliz: vi tanta cena linda que quase roubei teus óculos pra mim. Vi quando fomos naquele japonês, e aquele dia que a gente correu no campo daquele clube perto da nossa casa. Vi você fingindo que era dono disso tudo e que isso tudo nunca ia acabar. Só queria te contar sobre o teu esquecimento, mas se quiser os óculos de volta, me fala. Te envio por sedex, te levo pessoalmente, aí, nessa cidade nova. Aposto que nada vai ser tão bonito sem os óculos... porque aqui, sem você, nem eles deram jeito.

Tenho umas gavetas que estão amarrotadas de papéis velhos com escritos sobre você. Senti mesmo tua falta, mas hoje... Hoje você podia voltar e eu já não ia notar mais no sorriso brilhante, no olho puxado e no cabelo que brilha na luz do sol. Eu juro. E meu coração não ia mais brincar de ficar morto - ele já não gosta dessas paradas não, hoje meu coração é moleque crescido, consegue sacar as coisas no ar, e eu só sou puro orgulho. Tô escrevendo aqui mais uma vez sobre você só porque sei que sobrou um ou dois tempos em que você se sobressalta e volta - com todo mundo acontece, isso de voltar. Flashback é velho mas é não sai de moda. Ta aí, volta aqui só mais uma vez pra ver o quanto eu tô brilhante e bonita sem tua companhia. Sofri pra caralho, nem tenho mais medo de esconder, e se quiser te mostro a gaveta, os textos e a merda toda. Mas o grande golpe foi que sobrevivi mesmo, e nada de grande coisa - só saí poluíndo o mundo, escrevendo em milhões de papéis. No final, só o que me resta de pensamento sobre nós é: "ambientalistas de merda - um por ser motivo e outra por fazer estrago."
Tô mais feliz, mais do que jamais estive.