Como eu odeio quando me dizem que eu faço tudo por você.
Não todas as coisas por você, de fato, mas todas as coisas da minha vida. Como se eu fizesse tudo o que eu realmente faço (até as coisas que faço por mim mesma) com o objetivo final de te atingir. Mas não é verdade.
A lua pode precisar de um sol ou agir como satélite.
A lua pode ser pouca coisa, quando está só.
Mas ela ainda é algo.
Eu ainda tenho meus próprios buracos que vieram antes de você. Meus próprios vícios de rotação que vieram antes de você. Minhas próprias fases. E às vezes eu até te influencio, como as marés.
Como aquele ditado do abismo que te olha de volta.
Mas as pessoas - inclusive eu, vez ou outra - tem essa mania de unilateralidade à qualquer custo. Românticos nunca são somente românticos, são servos do seus amados. Como se o amor fosse uma relação onde  um selvagem precisa ser domado e quando domado será seu piso de banheiro mais bonito. O lugar onde você seca os pés. Os porquinhos quentinhos da rainha vermelha.
Essas pressões externas me sufocam. Tudo isso que todo mundo pensa sobre namoros e obrigações, elas não cabem em mim ou em você. Mas eu queria reconhecimento, eu acho. Talvez com isso todos parassem de nos colocar nessas garrafas, nesses pratos feitos sobre o amor. As pessoas no final das contas fazem um juízo feio sobre isso porque são todas tolas, pensando em servidão, em obrigações.
Eu faço tudo por você, mesmo, mas não como uma serva que apanha.
Você se moldou aos meus defeitos também. Às minhas crateras.
Dessa forma fazemos, em conjunto, nossas coisas por nós mesmos.
Como o amor pede, não o resto do mundo.
Como eu quero.

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