Tenho óculos novos com lentes de policarbonato. Às vezes, arco-íris surge na lateral, de susto, parecendo querer alegrar, colorir.
Mas a tristeza não cede.
Tenho um cão, um pequeno cão que e lambe às vezes, querendo colorir e me alegrar. Conquistei seu coração ao longo de doze anos.
Mas a tristeza não cede.
Mas eu sim. É tão bom abrir mão, se entregar, ceder. É tão bom se doar e dizer que já chega, que você não tem mais força, desistir. Ser acometido por aquele grande mal que carregava na alma e evitava como quem evita andar rápido em dias de chuva - mas deve, porque está atrasado. É tão bom cair. Afundar. Deixar-se ir, pôr uma pedra, uma lápide e esquecer.
Eu cedo.
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