considerações finais

Vira e volta e mexe e traz e me vem você na cabeça com questionamento em caixa alta: será que valeu a pena que te escrevo agora? Será que esse mar de lágrima todo que me escorreu, escorreu só por escorrer ou te chegou como rio? Será que o grito ecoou e ecoou só no espaço sideral inteiro ou você me ouviu nesse planeta pequeno que você vive? Será que você tentou me responder só por um segundinho em um bilhetinho pequeno em uma garrafinha pequena de pitchula e jogou no espaço pra voltar e agora ela só roda e roda e roda e roda e roda e eu espero espero espero espero?
Aí eu viro e volto e mexo e trago as respostas que já tenho anotadas todas em meu caderninho pra todas essas pequenas perguntas que parecem enormes quando estão em caixa alta: não, minha linda. Vai e vira e mexe embora que a vida não te deu poder de ser respondida nessa relação. Mas não te entristece. Pergunta sem ar assim é o que não falta no mundo.
Que eu me escondo dos meus problemas, fujo das soluções e empurro a vida de cabeça baixa, não é novidade. Antes era fácil: olhava pro outro pra parar de entender a mim. Parei, assim como parei no tempo e agora que resolvi olhar pro céu infinito e suas nuvens infinitas, voltei puro atraso. Esse trato novo de que ando ao lado e não carregando é uma maneira muito da sua estranha de levar. Quem que pode (se) amar sem doer?


Hoje a carne é fresca, recém abatida
pulsa na mão, muito mais viva que outrora
volta um mês e vê-se a diferença
na cor do sangue que escorre entre as bochechas
no coração que bate rápido e arqueja mansinho
no ouvido
como quem nada tem a dizer, e ainda assim
quer gritar tudo que te ama
com uma gana de te beijar inteiro
espera que o dia passe, o janeiro passe
pra todo dia apaixonar pelos seus apelos
que me faz apaixonar pelo mundo
e todos seus pequenos espaços
entre você e eu
o céu
o rio
e o que sinto.

Como uma tecnologia muito avançada, eu silenciei. Esqueci que para ter novas palavras preciso gastar todas as antigas, ou paro. Preciso ler ...