Desistir é uma covardia corajosa.
Em determinado momento, apenas se despe de tudo que te rodeia e risca a pele. Afunda.
Boiar no fundo do mar sem encostar na areia.
Ver os pássaros voando depois da água. Ver os peixes caçando bem frente aos seus olhos.
Sentir as estrelas se aninhando em seus cabelos.
E não sentir.
Saber dos animais porque leu que ali habitavam, mas não por vê-los.
Não saber diferenciar o que é real e o que é imaginário.
Ouvir todos os sons na surdez da água no ouvido.
Tudo é distância e névoa. Turbidez.
É palavra de ordem: exigência. Levanta desse teu marasmo e sobe à terra que é preciso andar.
Teu sangue vai talhar.
Tua vida já parou.
Teus olhos já estão cheios de água.
já acabou, menino.
me deixa em paz no meu mar.
sem velejar, eu me acovardo
mas também me encorajo
e finalmente encontrando um sentido
acabo com o vão entre as costas e a imensidão
da areia do fundo da alma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Como uma tecnologia muito avançada, eu silenciei. Esqueci que para ter novas palavras preciso gastar todas as antigas, ou paro. Preciso ler ...