Se as minhas palavras pudessem se transmutar no momento que saltassem da boca, elas o fariam. Não que eu queria tirar de mim a culpa de um expresso mal feito, ou preposição mal elaborada, mas o boicote acontece e rapidamente o questionamento vira adaga; o amor vira barro; o ouro se transmuta em qualquer composto orgânico sem valor. Talvez seja, também, o meu tom de voz que dá vazão pra que isso ocorra; talvez seja o movimento dos meus lábios que não abrem o suficiente; talvez sejam as cordas vocais demasiadamente aproximadas e elas se batem e batem como se criassem uma nova palavra que não foi imaginada, não era a querida, mas foi dita como se fosse a original, pois é a primeira vez que é proferida para ouvido do outro. Então assumo essa posição de silêncio e calada eu devo seguir, sem debater minhas dúvidas sobre as normas e anormalidades cotidianas como se tudo fosse muito o que se é e nunca tivesse sido diferente. Então assumo a posição da apatia e do cansaço que logo chega por não aguentar não falar mais nada, não poder cantar mais nada, nem pensar mais nada que esteja completamente errado. Não por ser errado mas por não ser congruente com o que havia sido pensado até que o pensamento não faça mais sentido e pare. pare.
a culpa é minha, só pode ser minha, e eu me boicoto porque eu penso e porque eu falo.
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