- Olá senhor! Você pode me dar um abraço? é que..

Coisas específicas me matam.
Sabe, aquele detalhezinho que sempre estraga a situação. Vontade de tomar sorvete - mas sorvete de morango. Vontade de cantar uma canção - mas qualquer canção, é aquela que você ouviu na rádio e nem sequer se lembra do nome. Sempre tem aquele pingo de "i", que parece que nem importa, mas faz uma diferença horrível. Horrível mesmo. Porque parece que quando você não faz o que você deseja do jeito que é pra ser - com os malditos detalhes - fica um vazio, uma insatisfação pesando dentro de você. Seu cérebro não mata o verme que te consome e te pira. Se as coisas fossem menos específicas, tudo ia ser bem mais simples: Eu poderia abraçar qualquer um, aquele estranho da esquina ou meu cachorro. Eu não precisaria abraçar você. Não precisaria sentir você comigo, nem... aquela emoçãozinha. Sabe, de ser você. Mas se não for, não serve. Não joga toxina em verme nenhum. Só não dá.

E esse é só começo do meu desespero.

Um comentário:

Como uma tecnologia muito avançada, eu silenciei. Esqueci que para ter novas palavras preciso gastar todas as antigas, ou paro. Preciso ler ...