Nós já temos um passado pra se lamentar, meu bem. Vivemos o bastante pra aprender com o erro do outro, a tristeza do outro, com o outro. Pouco tempo não foi - você sabe como essa medida de tempo humana é falha, mas a nossa, extraterrena, é mais clara e mais precisa: mede por intensidade do sentir. Senti tanto, sinto tanto, sinto muito com você, por nós. Somos frutos de um caso estranho que deu certo sem querer - como diria Chaves, mas querendo. E nessas reviravoltas chegamos aqui no presente, onde nós sempre avistávamos de longe, e você falava baixinho no pé do meu ouvido "tá vendo ali no sempre? é onde vou ficar" só pra acalmar a minha agonia de qualquer dia desses assim, no cotidiano da tristeza, eu te perder. Mas não perdi. E se acontecer, vou deixar de existir também, meu bem. Não sei se você sabe, contei? Mas é que sozinha eu não funciono. Fica aqui, mais cinco minutos, cinco anos, ou cinco sempres.

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