Não se conhece esse sentimento até senti-lo. Não existe quem faça você ceder a dor. Ele parte aos poucos. É como areia correndo entre os dedos em câmera lenta. Ele continua com aquele mesmo olhar, só que mais distante agora. Ainda te pede carinho e ainda quer sua atenção. Ainda é fiél, mesmo que as barreiras físicas comecem a impedi-lo de correr atrás de você ou de te proteger, permanecer ao seu lado. A voz é mais fraca e agora ele ronca pela noite. Possui mais confiança do que nunca no seu amor e deixa sua vulnerabilidade amostra vinte e quatro horas porque não tem do que se proteger. É você quem está lá. Você é pai, é irmão, é amante. É sua vida. Ele está mais magro agora e é possível ver os ossos pela pele, ou os músculos definhando. O corpo perece. Mas no fundo dos olhos marrons continua o mesmo menino de sempre. Todo tempo longe é tempo perdido, sem sentido, então permanece em casa como quem cuida da própria vida. Permanece o tempo que perdeu antes quando tinha mais tempo. Permanece na tentativa de corrigir os erros que talvez cometera. Permanece pra tentar fazê-lo permanecer por mais tempo porque todo seu desejo é que ele ficasse infinitamente presente em seu quarto, casa. Deitado no sofá, sorrindo. Mas como um presente do qual se gosta muito, nunca permanece o suficiente. Agora doze anos não é nada. Agora, nenhum amor ou desespero é páreo para isto. Só consegue saber quem sente.


Um comentário:

Como uma tecnologia muito avançada, eu silenciei. Esqueci que para ter novas palavras preciso gastar todas as antigas, ou paro. Preciso ler ...