Um suspiro.
Meus ossos doem como doem os ossos de alguém espancado. Mas não fui.
Minha pele resseca como resseca a pele de alguém dentro de um forno. Mas não estou.
Meu pulmão se enche de ar como se enche de ar o pulmão de quem respira aliviado. Mas não o faço.
longamente. pesadamente. calmamente.
Depois de tanto esforço contínuo e conjunto, eu consegui por um tempo viver nesta terra onde todos os outros andam como andam todos os outros. Facilidade. Como quem pensa "a vida que segue". "A vida tem seus altos e baixos". "A vida não é fácil".
É outra realidade. O otimismo, a beleza de um sol nascente, respirar calmamente. Foram coisas que aprendi, incorporei e vivi por muito tempo. Mas a natureza é cruel e sempre retornam os velhos hábitos. A essência é sempre a mesma. Minha matriz nunca mudou. Sou de outro lugar.
Quando destoei pela primeira vez, os nativos me disseram que nunca me viram assim. Sorri como sorri aquele que se desfaz em desgraça por saber que seu esqueleto podre pode ser colocado a mostra a qualquer momento. Disfarce. Costure. Continue.
A segunda fez o corte foi maior. Desse lado as coisas tem prazo de validade e se acabam sozinhas. Como esta roupa que recobre tristeza - tão cara. Mas com um período de vida tão curto. Dessa vez me olharam torto como quem desconfia e sente pena ao mesmo tempo. Mas não é nada. Continue.
Todas as vezes que se seguiram foram também seguidas de uma continuidade, salpicadas por um sentimento de irrelevância que os fez pensar: não é nada.
Meu tempo se esgota nessa terra de terra sob os pés e céu acima da cabeça. Meu mundo era invertido e a terra me caia nos olhos, que devem se manter continuamente fechados. Evita que a matriz se esvaia e a tristeza não se infiltre pelo céu e contagie, quem sabe, outros céus até mesmo desta terra daqui.
Existe um único grande problema que é toda essa coletânea de sentimentos que de nada servem do outro lado. Antes de voltar preciso expulsá-los de mim. Então direi aos meus salvadores que me coloquem novamente na minha terra, assim como me tiraram, mas não agora.
Peço paciência. E agradeço.
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Paciência é o segredo. Mas quanto mais demora mais angustiados ficamos... Pq a vida tem que seguir logo, a vida só tem que ter altos, a vida tem que ser fácil...
ResponderExcluirmas não é, não é e nunca vai ser. Então temos que ter paciência, mesmo às vezes não tendo.
(obrigada você por esse texto, e por ter aparecido no meu blog. vc não sabe o quanto é bom te ler. e sim, quem sabe alguém me invada, acho que ainda tenho paciência. a mesma paciência que tenho de um dia "te conhecer", rs) ;*