Lua, pela primeira vez quis uma segunda pra te ouvir falar.

Não escrevera antes pois sucumbiria.
Sabia antes mesmo de acontecer o que a esperava e foi. Sempre quis vê-lo de perto e se perder. Se perdeu nos olhos que eram maiores do que imaginava e comiam ela inteira.
Sem mastigar. 
E colocavam ela no lugar, no exato mesmo lugar que abocanhou. E quando se desviava, não parecia nem lembrar que havia comido.
Até se voltar novamente.
Havia também a mão, que seguia suas linhas sem mudar sua forma. Apenas a acompanhava pra saber o seu destino, no rosto, no corpo, na parte de dentro da mão. Mesmo que antes vibrasse e não fosse capaz de sustentar uma taça, ao traçar as linhas era firme e cirúrgica.
Sem a frieza de um bisturi. Sem a firmeza de uma palavra alta.
Era carinhoso. Cuidadoso. 
E era solitário. 
A seguia de fora, como quem ronda. Um bicho que veio do meio do arbusto, como a lua que salta da árvore vista pela janela. Olhava com os olhos que abocanhavam, cheirava com o rosto de espetava e seguia os rastros com as mãos de cuidado. 
Toda mudança era externa, parecia. 
Talvez ela não o atingisse mesmo que, na rota contrária, ele fosse como um impacto.
Às vezes contava a ela que seu rosto não acompanhava o sentimento, mas poderia acontecer que acompanhasse. 
Ela não saberia dizer. 
Queria ouvir da boca as palavras, todas as palavras. 
não seria hoje. 

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Como uma tecnologia muito avançada, eu silenciei. Esqueci que para ter novas palavras preciso gastar todas as antigas, ou paro. Preciso ler ...