O silêncio enche meus ouvidos. A tristeza me banha como o mar, bem no meio de sua extensão. Calmo, frio, escuro. Um azul bem profundo me tomou os olhos naquela noite.
Lucas perguntou "porque seus olhos estavam azuis?"
Era tristeza. "Foi a luz negra".
Era meu mar. "Engraçado né?"
Foi te ver e morrer.
Agora eu me abraço e afundo. Nada mais de tentar voltar para superfície. Nada de tentar movimentar a calmaria que pode ser maravilhosa à sua maneira. Ela me abraça e afaga como uma velha amiga. Como um espaço no espaço. Um tempo de todas as conturbações.
Como você não fez.
Porque não quis.
Um suspiro.
Meus ossos doem como doem os ossos de alguém espancado. Mas não fui.
Minha pele resseca como resseca a pele de alguém dentro de um forno. Mas não estou.
Meu pulmão se enche de ar como se enche de ar o pulmão de quem respira aliviado. Mas não o faço.
longamente. pesadamente. calmamente.
Depois de tanto esforço contínuo e conjunto, eu consegui por um tempo viver nesta terra onde todos os outros andam como andam todos os outros. Facilidade. Como quem pensa "a vida que segue". "A vida tem seus altos e baixos". "A vida não é fácil".
É outra realidade. O otimismo, a beleza de um sol nascente, respirar calmamente. Foram coisas que aprendi, incorporei e vivi por muito tempo. Mas a natureza é cruel e sempre retornam os velhos hábitos. A essência é sempre a mesma. Minha matriz nunca mudou. Sou de outro lugar.
Quando destoei pela primeira vez, os nativos me disseram que nunca me viram assim. Sorri como sorri aquele que se desfaz em desgraça por saber que seu esqueleto podre pode ser colocado a mostra a qualquer momento. Disfarce. Costure. Continue.
A segunda fez o corte foi maior. Desse lado as coisas tem prazo de validade e se acabam sozinhas. Como esta roupa que recobre tristeza - tão cara. Mas com um período de vida tão curto. Dessa vez me olharam torto como quem desconfia e sente pena ao mesmo tempo. Mas não é nada. Continue.
Todas as vezes que se seguiram foram também seguidas de uma continuidade, salpicadas por um sentimento de irrelevância que os fez pensar: não é nada.
Meu tempo se esgota nessa terra de terra sob os pés e céu acima da cabeça. Meu mundo era invertido e a terra me caia nos olhos, que devem se manter continuamente fechados. Evita que a matriz se esvaia e a tristeza não se infiltre pelo céu e contagie, quem sabe, outros céus até mesmo desta terra daqui.
Existe um único grande problema que é toda essa coletânea de sentimentos que de nada servem do outro lado. Antes de voltar preciso expulsá-los de mim. Então direi aos meus salvadores que me coloquem novamente na minha terra, assim como me tiraram, mas não agora.
Peço paciência. E agradeço.
Meus ossos doem como doem os ossos de alguém espancado. Mas não fui.
Minha pele resseca como resseca a pele de alguém dentro de um forno. Mas não estou.
Meu pulmão se enche de ar como se enche de ar o pulmão de quem respira aliviado. Mas não o faço.
longamente. pesadamente. calmamente.
Depois de tanto esforço contínuo e conjunto, eu consegui por um tempo viver nesta terra onde todos os outros andam como andam todos os outros. Facilidade. Como quem pensa "a vida que segue". "A vida tem seus altos e baixos". "A vida não é fácil".
É outra realidade. O otimismo, a beleza de um sol nascente, respirar calmamente. Foram coisas que aprendi, incorporei e vivi por muito tempo. Mas a natureza é cruel e sempre retornam os velhos hábitos. A essência é sempre a mesma. Minha matriz nunca mudou. Sou de outro lugar.
Quando destoei pela primeira vez, os nativos me disseram que nunca me viram assim. Sorri como sorri aquele que se desfaz em desgraça por saber que seu esqueleto podre pode ser colocado a mostra a qualquer momento. Disfarce. Costure. Continue.
A segunda fez o corte foi maior. Desse lado as coisas tem prazo de validade e se acabam sozinhas. Como esta roupa que recobre tristeza - tão cara. Mas com um período de vida tão curto. Dessa vez me olharam torto como quem desconfia e sente pena ao mesmo tempo. Mas não é nada. Continue.
Todas as vezes que se seguiram foram também seguidas de uma continuidade, salpicadas por um sentimento de irrelevância que os fez pensar: não é nada.
Meu tempo se esgota nessa terra de terra sob os pés e céu acima da cabeça. Meu mundo era invertido e a terra me caia nos olhos, que devem se manter continuamente fechados. Evita que a matriz se esvaia e a tristeza não se infiltre pelo céu e contagie, quem sabe, outros céus até mesmo desta terra daqui.
Existe um único grande problema que é toda essa coletânea de sentimentos que de nada servem do outro lado. Antes de voltar preciso expulsá-los de mim. Então direi aos meus salvadores que me coloquem novamente na minha terra, assim como me tiraram, mas não agora.
Peço paciência. E agradeço.
A francesa me cortou em dez pedaços
serviu minha cabeça aos alemães
me deu de comida aos seus pássaros
me desossou pra virar filé
Cozinhou minha carne em fogo baixo
e fez de meu cérebro o melhor prato
Todos elogiaram bastante a refeição
Todos eram contra minha proteção
Ficaram felizes pela minha tristeza
Me esqueceram como um ente que chora e pensa
Roubaram minha nativa, Jolie
Roubaram minhas dores de mim
Choro na forca como chora uma mãe ao ver o filho morto
sem dores passageiras, sem agonia ligeira
Choro na forca como o filho que vai de encontro a morte
e avista a mãe, desesperada, junto a corte
Todos levantam palmas e gritam
"Enforquem o menino maldito"
Porque todos querem da francesa um pedaço
Todos querem que a francesa faça um prato
Todos querem o menino morto
Porque todos desejam seu lugar junto à francesa
todos querem admirar sua beleza
todos querem vê-la morta
e enfiarem uma faca em suas costas
como fez a francesa com seu guarda
No primeiro golpe de selvageria
que inundou de sangue a cozinha.
Tenho óculos novos com lentes de policarbonato. Às vezes, arco-íris surge na lateral, de susto, parecendo querer alegrar, colorir.
Mas a tristeza não cede.
Tenho um cão, um pequeno cão que e lambe às vezes, querendo colorir e me alegrar. Conquistei seu coração ao longo de doze anos.
Mas a tristeza não cede.
Mas eu sim. É tão bom abrir mão, se entregar, ceder. É tão bom se doar e dizer que já chega, que você não tem mais força, desistir. Ser acometido por aquele grande mal que carregava na alma e evitava como quem evita andar rápido em dias de chuva - mas deve, porque está atrasado. É tão bom cair. Afundar. Deixar-se ir, pôr uma pedra, uma lápide e esquecer.
Eu cedo.
Mas a tristeza não cede.
Tenho um cão, um pequeno cão que e lambe às vezes, querendo colorir e me alegrar. Conquistei seu coração ao longo de doze anos.
Mas a tristeza não cede.
Mas eu sim. É tão bom abrir mão, se entregar, ceder. É tão bom se doar e dizer que já chega, que você não tem mais força, desistir. Ser acometido por aquele grande mal que carregava na alma e evitava como quem evita andar rápido em dias de chuva - mas deve, porque está atrasado. É tão bom cair. Afundar. Deixar-se ir, pôr uma pedra, uma lápide e esquecer.
Eu cedo.
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